O PLVB tem como escopo considerar todas as atividades logísticas, porém, com foco inicial no transporte de carga, em particular pelo modo rodoviário.

Com início em julho de 2016, o PLVB estabeleceu uma agenda com objetivo principal de desenvolver, elaborar e publicar documentos, promover treinamentos e divulgar conhecimentos com a finalidade de aprimorar a eficiência e a sustentabilidade em logística com enfoque no transporte de carga. Estas ações consideram: (1) o aproveitamento de programas similares já existentes nas Empresas Membro; (2) a experiência nacional e internacional sobre o tema e (3) a consolidação consistente dos resultados esperados com a finalidade de estabelecer um Sistema de Reconhecimento para o Selo Verde no Transporte de Carga, com lançamento previsto para meados de 2020.

Esta jornada possibilitou o lançamento do Guia de Referência em Sustentabilidade: Boas Práticas para o Transporte de Carga (2017), Manual de Aplicação: Boas Práticas para o Transporte de Carga (2018) e o Guia de Excelência em Sustentabilidade: Boas Práticas para o Transporte de Carga (2019), além de documentos para promoção da sustentabilidade em logística e a difusão de boas práticas e histórias de sucesso na área de “frete verde” por meio da promoção de programas de treinamento, eventos e comunicação em diferentes mídias.

Adicionalmente o PLVB também busca identificar e detalhar diferentes métodos de medição de eficiência energética e emissão de gases de efeito estufa (GEE) com a finalidade de estabelecer uma metodologia alinhada com a prática e padronização internacional, em particular com o GLEC Protocol do Smart Freight Centre (SFC) e o projeto de norma ISO IWA 16.

OBJETIVO GERAL
O Programa de Logística Verde Brasil (PLVB) é uma iniciativa estratégica de um grupo de empresas privadas (denominadas Empresas Membros) que reflete o compromisso com sua responsabilidade socioambiental. O PLVB busca capturar, integrar, consolidar e aplicar conhecimentos com o objetivo de reduzir a intensidade das emissões de gases de efeito estufa, em particular o dióxido de carbono (CO2), dos poluentes atmosféricos e também melhorar a eficiência logística e do transporte de carga no Brasil. O PLVB trabalha com o desenvolvimento progressivo de um programa nacional de sustentabilidade logística que dará autonomia e treinará embarcadores, operadores de transporte, prestadores de serviços logísticos e todos os agentes que apoiem e/ou atuem nestas atividades.
GOVERNANÇA E FINANCIAMENTO
TIPO DE PROGRAMAO PLVB é um programa liderado por embarcadores, prestadores de serviços logísticos e operadores de transporte, sendo desenvolvido com a cooperação da academia.
SECRETARIADOO programa é gerido por um grupo que inclui representantes das empresas privadas, poder público e membros da academia.
FONTE DE FINANCIAMENTOO programa é financiado por meio de taxa de adesão.
ESCOPO DO PROGRAMA
GEOGRAFIAO PLVB atua predominantemente no nível nacional (Brasil), podendo considerar o nível regional (América do Sul ou América Latina).
MODOS DE TRANSPORTEO PLVB possui uma abordagem multimodal (modos: rodoviário, ferroviário, navegação interior, marítimo – longo curso e cabotagem, aéreo, dutoviário, centros de transbordo e armazéns).
MEMBROSO programa visa como membros uma combinação de embarcadores, operadores de transporte, prestadores de serviços logísticos, centros de transbordo e prestadores de serviços de armazenagem.
EMISSÕESO PLVB considera as emissões de CO2/CO2e, poluentes atmosféricos (CO, SOx, NOx, PM, HC) e black carbon.
SOLUÇÕESO programa considera prioritariamente 22 boas práticas que abrangem soluções para veículos (por exemplo: biocombustíveis, “pneus verdes”, aprimoramento da aerodinâmica, telemática, veículos elétricos etc), operação de frotas (por exemplo: otimização do carregamento dos veículos, compartilhamento de veículos, ecodriving, roteirização inteligente etc), transferência modal (por exemplo: de caminhões para bicicletas, transporte intermodal etc) entre outras soluções.
COMPONENTES DO PROGRAMA
METASO programa exige que os membros estabeleçam metas de acordo com seu conhecimento, experiência e bom senso e com base nas experiências nacionais e internacionais tomadas como referência.
AÇÕESO PLVB recomenda que seus membros desenvolvam planos e implementem ações com base no conhecimento adquirido e compartilhado conforme o programa evolui, considerando os documentos já publicados e com a orientação da academia.
RELATÓRIOS DE MEDIÇÃO E VERIFICAÇÃOO PLVB recomenda que seus membros avaliem, relatem e verifiquem seus dados. O padrão para este procedimento ainda está em desenvolvimento e será parte do Sistema de Reconhecimento para o Selo Verde no Transporte de Carga.
COLABORAÇÕES E TROCASO programa facilita a colaboração e o intercâmbio entre os membros e entre as instituições externas interessadas, por meio de reuniões/eventos, estudo de caso das ações implementadas e o estabelecimento de parceiras.
INDICAÇÕES E RECONHECIMENTOO PLVB promove seus membros por meio de publicidade, promoção e marketing e os reconhece por meio do Sistema de Reconhecimento para o Selo Verde no Transporte de Carga, com lançamento previsto para meados de 2020.
  

Sustentabilidade em logística, o desafio do Século XXI

Logística é uma atividade vital para toda a sociedade pelo suprimento de cargas e serviços e por ampliar os resultados econômicos das empresas, representando de 7% a 9% do produto interno bruto (PIB) mundial e cerca de 12% do PIB brasileiro[1]. No entanto, consome significativo volume de energia (entre 9% e 12% da energia consumida no mundo[2] e cerca de 19% da energia consumida no Brasil[3],[4]), tem potencial de prejudicar a qualidade do ar local, gerar ruído e vibração, provocar acidentes, gerar resíduos sólidos e líquidos e contribuir com o aquecimento global, que atualmente, é o maior desafio ambiental do planeta.

Neste contexto, em função da sua quase total dependência do uso de combustíveis derivados do petróleo, o transporte de carga, principal função logística, é um importante contribuinte da emissão mundial de dióxido de carbono (CO2), principal gás de efeito estufa (GEE) e contribui para as mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global.

O conceito de logística está associado às atividades de planejamento, implantação e controle do fluxo de mercadorias, serviços e informações, do ponto de origem (suprimento de insumos de produção) até ao ponto de destino (cliente final), com objetivos voltados para redução de custos totais e ampliação do nível de serviço. Indo além desta visão tradicional, a logística deve objetivar também a redução dos impactos ambientais promovidos por suas atividades, principalmente no que diz respeito a atividade de transportes em função de ser uma de suas mais importantes funções principais.

A ampliação deste horizonte conceitual leva a termos como logística de baixo carbono, logística verde e logística sustentável, que acrescentam ao termo “logística” caraterísticas relacionadas a necessária avaliação dos aspectos socioambientais. Destaca-se que a logística de baixo carbono busca especificamente a redução do uso de combustíveis fósseis e da emissão de CO2; a logística verde amplia a abrangência para a consideração de outros atributos ambientais, como emissão de poluentes atmosféricos, geração de ruído e vibração, consumo de água e geração de resíduos sólidos e líquidos e a logística sustentável é a mais abrangente, pois introduz a consideração do aspecto social a avaliação do desempenho logístico.

Empresas de classe mundial e com atuação global já perceberam faz algum tempo a importância de estabelecer e atingir metas comprometidas com o conceito de logística sustentável. Mais que isso, que os termos como “verde” e “sustentável” vão muito além de um compromisso com o meio ambiente e representam de fato a prática de ações que aprimoram a efetividade de suas operações e representam uma questão de sobrevivência no mercado.

Vencer o desafio de ampliar o horizonte conceitual do termo logística, reforçando o compromisso com a responsabilidade socioambiental corporativa pode ser feito por meio de boas práticas que busquem conciliar a maximização dos lucros e o aumento do nível de serviço e da competitividade das empresas, sem comprometer seu desempenho socioambiental, em particular no que se refere ao transporte de carga, uma de suas funções principais.

Induzir este processo e consolidar boas práticas para o transporte de carga e a logística, que atendam especificamente a realidade brasileira e aos perfis de operação das Empresas Membro, e disponibilizá-las na forma de um conjunto de guias, manuais, programas de treinamento e sistemas de padronizados de reconhecimento justifica a iniciativa do PLVB e fundamenta a sua promoção.

[1] Panorama ILOS 2016.
[2] Sims R., R. Schaeffer, F. Creutzig, X. Cruz-Núñez, M. D’Agosto, D. Dimitriu, M. J. Figueroa Meza, L. Fulton, S. Kobayashi, O. Lah, A. McKinnon, P. Newman, M. Ouyang, J. J. Schauer, D. Sperling, and G. Tiwari, 2014: Transport. In: Climate Change 2014: Mitigation of Climate Change. Contribution of Working Group III to the Fifth Assessment Report of the Intergovern- mental Panel on Climate Change [Edenhofer, O., R. Pichs-Madruga, Y. Sokona, E. Farahani, S. Kadner, K. Seyboth, A. Adler, I. Baum, S. Brunner, P. Eickemeier, B. Kriemann, J. Savolainen, S. Schlömer, C. von Stechow, T. Zwickel and J.C. Minx (eds.)]. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA.
[3] [R]Evolução Energética, Rumo a um Brasil com 100% de energias limpas e renováveis. Cenário 2016, Greenpeace Brasil, São Paulo, SP
[4] D´Agosto; Márcio de Almeida. Transporte, Uso de Energia e Impactos Ambientais. Uma Abordagem Introdutória. 1ª Ed., Elsevier, 2015.

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